quinta-feira, 31 de julho de 2014

Forma da Lua deve-se a forças gravitacionais da Terra


(DN - Portugal) Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos atribuiu a forma da Lua, que não é uma esfera perfeita, a forças gravitacionais exercidas pela Terra durante a infância do satélite, há 4,4 mil milhões de anos.

O satélite natural da Terra não é totalmente esférico, mas ligeiramente achatado, sendo igualmente deformado por um ligeiro "inchaço" na face visível a partir do "planeta azul" e por uma outra protuberância na face escondida.

Segundo a equipa do investigador Ian Garrick-Bethell, da Universidade da Califórnia, as primeiras forças de maré exercidas pela Terra, quando esta estava mais próxima da Lua, aqueceram de maneira desigual, conforme os sítios, a crosta do satélite natural, quando este flutuava num oceano de rocha em fusão.

Posteriormente, quando a Lua arrefecia, as forças gravitacionais deformaram o seu exterior e coagularam as suas protuberâncias.

A força de maré sincronizou, também, a rotação da Lua e a sua evolução em torno da Terra, o que fez com que os humanos vejam sempre a mesma face do satélite natural.

Para chegar às suas conclusões, publicadas hoje na revista Nature, a equipa de Ian Garrick-Bethell analisou a topografia da Lua, abstraindo-se das suas vastas crateras, que terão aparecido numa fase posterior.

O astrofísico estima que a compreensão da forma da Lua poderá ajudar a apreender "um grande número de fenómenos geológicos que terão ocorrido depois da sua formação", inclusive a sua assimetria. Só a face visível da Lua apresenta planícies vulcânicas.

O Sistema Solar formou-se há cerca de 4,5 mil milhões de anos e a Lua terá nascido de uma colisão em massa suportada pela Terra.

A Lua localiza-se a uma distância média da Terra de 384 mil quilómetros e afasta-se do "planeta azul" 3,8 centímetros por ano.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Nasa libera vídeo com imagens em 3D dos rastros de Neil Armstrong e da Apolo XI na Lua


(O Globo) Como parte das comemorações pelos 45 anos da chegada do homem à Lua, a Nasa liberou um vídeo onde mostra em imagens 3D o local exato em que o módulo Eagle da nave Apolo XI pousou. No material, é possível até ver os rastros deixados pelos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin.

As imagens são recentes e foram captadas pela sonda Reconnaissance Orbiter (LRO) da agência espacial dos EUA, que está em órbita da Lua. O vídeo mostra com precisão impressionante a Base Tranquilidade, local escolhido para o pouso, onde é possível ver o módulo Eagle, rodeado pelas faixas pioneiras deixadas por Armstrong e Aldrin, que andaram por duas horas na Lua no dia 20 julho de 1969. Também se vê claramente o caminho percorrido Armstrong para explorar uma cratera chamada Little West.

As imagens servem para derrubar mitos propagados por céticos de que, quase meio século depois da façanha, ainda duvidam de fato que o homem posto os pés na Lua.
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Matéria com vídeo aqui
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E mais:
Acervo 45 anos do homem na Lua

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cratera Zucchius


(UOL) Imagem mostra a cratera Zucchius localizada na superfície da lua. Zucchius foi nomeado após o astrônomo italiano do século 17 Niccolò Zucchi, que esteve envolvido em alguns dos primeiros projetos para o telescópio de reflexão, e que fez as observações iniciais de cintos e manchas de Júpiter e Marte.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Moscou lança experimento para simular permanência humana na Lua


(Voz da Rússia) Os cientistas e médicos russos começaram primeiro experimento do mundo destinado a testar o modelo dos efeitos fisiológicos da presença humana na superfície dos corpos celestes com gravidade reduzida. A realização desse tipo de experimento permitirá estudar a reação do corpo humano sobre as condições em que os astronautas irão viver e trabalhar na Lua, informou o serviço de imprensa da Agência Federal de Medicina Biológica da Rússia.

O estudo envolverá 12 voluntários do sexo masculino.

"Eles passarão em repouso absoluto 21 dias, em diferentes ângulos de posição do corpo em relação ao eixo horizontal", especificou o serviço de imprensa. Os cientistas e médicos de vários institutos de pesquisa irão avaliar o estado funcional dos voluntários, usando as técnicas de diagnóstico mais modernas.

De acordo com os representantes da Agência Federal de Medicina Biológica da Rússia, o principal objetivo do projeto é estudar as reações do sistema cardiorrespiratório e sistema musculoesquelético à modelagem da gravidade reduzida. Os astronautas terão de viver e trabalhar na Lua nessas condições.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Crateras lunares podem abrigar astronautas em futuras missões

Sonda da Nasa localiza mais de 200 pontos de interesse na superfície do satélite


(O Globo) A superfície da Lua é marcada por milhares de crateras, sendo que algumas centenas podem servir de abrigo para astronautas em futuras missões. Segundo observações do Lunar Reconnaissance Orbiter, cerca de 200 buracos podem levar a cavernas que servirão de base para a exploração humana do satélite.

- Os buracos podem ser úteis para dar suporte à atividade humana na superfície lunar – disse Robert Wagner, pesquisador da Universidade do Estado do Arizona. - Um habitat instalado na cratera – idealmente dezenas de metros abaixo da superfície – pode prover proteção para os astronautas: sem radiação, micrometeoritos, possivelmente pouca poeira e pequenas variações de temperatura.

As crateras possuem abertura com diâmetros entre cinco metros e mais de 900 metros. As três primeiras foram identificadas usando imagens da espaçonave japonesa Kaguya, mas outras centenas foram encontradas com algoritmo que escaneou automaticamente milhares de imagens em alta resolução do Lunar Reconnaissance Orbiter.

A maior parte dos buracos foi encontrada em pontos de impactos de meteoritos, com áreas formadas pela solidificação do magma liberado pelo choque, ou em áreas denominadas “mares lunares”, planícies escuras também formadas por magma solidificado.

Para melhor conhecer a geologia dessas crateras será preciso a exploração in loco. Segundo Wagner, “pela sua natureza, elas não podem ser bem explorada pela órbita. As paredes mais baixas e andares das cavernas simplesmente não podem ser vistos por um bom ângulo”.
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Matéria similar no Jornal Ciência

terça-feira, 22 de julho de 2014

Astrônomo esclarece dúvidas de crianças sobre a Lua

Por que a gente anda devagar na Lua? E como os astronautas vão no banheiro? Para as crianças, essa história de andar na Lua é coisa de cinema.


(Fantástico) Há 45 anos, a humanidade realizou um feito fantástico: os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin foram os primeiros homens a pisar na Lua.

Será que a criançada de hoje sabe disso? Será que entende a importância do que aconteceu? Com a ajuda de um astrônomo especialista em exploração espacial, a gente juntou um trio muito curioso para conhecer o mundo encantado da Lua.

O Léo e a Maria Clara têm 8 anos. O Pedro Henrique, 9. Para eles, essa história de andar na Lua é uma diversão só. Mas o que esses três nunca imaginaram é que, muitos anos atrás, já teve gente andando na Lua de verdade. Para eles, isso tudo é coisa de cinema.

A gente levou essa garotada para uma lua de mentirinha para contar essa história. Quem ajuda é o professor Annibal, doutor em astronomia. “A história do homem chegando na Lua é muito legal. Eles fizeram um foguete muito grande e esse foguete era mais alto que um prédio. E aí eles puseram os astronautas lá em cima, ele subiu e foi aumentando de velocidade cada vez mais. E foi ficando cada vez mais alto e foi ficando tão alto, tão alto, que depois de bastante tempo, eles conseguiram chegar na Lua”, conta ele.

E quem foi o primeiro homem a andar na Lua? “O Neil Armstrong. Ele era um cara muito esperto e conhecia perfeitamente como pilotar as naves”, conta o professor Annibal.

Faz 45 anos. Nas imagens que você vê no vídeo acima, também tem o parceiro dele, o Buzz Aldrin, caminhando lentamente pela Lua.

Por que a gente anda devagar na Lua? “Por causa de duas coisas. A primeira é que na Lua a gravidade é muito baixa. E a segunda coisa é que eles estão com aquela roupa de astronauta, que é muito grossa”, ensina o professor.

Quantas camadas tem a roupa de astronauta? “Onze. A roupa do astronauta tem que proteger ele, porque não tem ar lá fora. Então, ele tem que ficar com o ar lá dentro”, diz.

Eu vi em um filme que tem dois cabos. Um é de oxigênio, e o que é o outro? “O oxigênio entra para respirar e o outro é para sair os gases da respiração”, responde o professor.

Como que é a comida? “Eles têm comida em forma de pasta, bem comprimidinho, bem pequenininhos. Porque eles não podem cozinhar, eles não têm fogão, nem micro-ondas”.

Como que eles vão no banheiro? “Pois é, não tem banheiro na Lua. As roupas dos astronautas já estão preparadas para funcionar como banheiro também. E, depois, eles separam pequenos pacotinhos, que eles jogam fora quando voltam para a Terra”.

Por que a Lua roda na terra? “A lua está órbita da Terra, quer dizer, ela faz um caminho dando volta em torno da Terra. Esse caminho dura 28 dias”, explica o professor.

Se na lua tivesse seres vivos, como eles seriam? “Lá tem pouca gravidade. Então, talvez eles pulassem, seriam seres pequenos e que pulariam bastante”.

A gente pode ir pra lua? “O sonho de todo mundo pode ser realizado”, finaliza o professor.

E o que será que essa turminha quer fazer na lua, hein?
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segunda-feira, 21 de julho de 2014

A lua está nos abandonando! Saiba por quê


Lua, não se vá!
(Phys/Hypescience) Nós e a lua tivemos uma boa caminhada juntos. Pode-se dizer até que viemos do mesmo bairro. Há muito tempo, Theia, um objeto do tamanho de Marte, colidiu com a Terra e a lua foi formada a partir dos restos da colisão. Ou seja, nós crescemos juntos (se essa teoria for de fato a verdadeira para o surgimento do nosso satélite natural).

De qualquer forma, contando desde o início, essa relação já dura por 4,5 bilhões de anos. Tivemos bons e maus momentos.

Gravitacionalmente ligados, de braços dados, andamos dentro do carro da nossa família solar cruzando a galáxia.

Agora vem a tragédia. A lua, a nossa lua, quer passear por horizontes mais brilhantes.

Nós costumávamos ser muito mais próximos quando éramos mais jovens, é verdade, e o tempo parecia voar muito mais rápido. Se pensarmos na época em que a lua e a Terra eram crianças, houve um momento em que um dia durava apenas 2 a 3 horas, e a lua estava muito mais perto de nós. Parecia que fazíamos tudo juntos naquela época. Mas, assim como as relações entre as pessoas, os relacionamentos de pedaços enormes de rocha também mudam.

De fato, 620 milhões de anos atrás, um dia passou a ter 21 horas de duração. Agora, os dias se arrastam por 24 horas e estão ficando mais longos, e a lua já está a uma distância média de nós de 384.400 quilômetros. É quase longe demais.

Atualmente, a lua está se afastando de nós por 1 a 2 centímetros por ano. Não há apenas um efeito emocional por ver a nossa amiga de longa data nos deixando: há uma mudança física real acontecendo. Nossos dias estão ficando 1/500 de um segundo mais longos a cada século.

Será que a lua encontrou alguém novo? Alguém mais atraente? Será que é por causa de Vênus, o planeta mais quente em todo o sistema solar?

Na verdade, essa é apenas uma progressão natural. É a gravidade e as forças de maré.

E não, isso não é uma metáfora. A Terra e a lua puxam uma a outra com as suas gravidades. Suas formas são distorcidas e a atração desta força das marés cria uma saliência. A Terra tem uma saliência virada para a lua, e a lua tem uma saliência mais significativa em direção à Terra.

Essas saliências agem como alças para a gravidade, o que retarda sua rotação. O processo permitiu que a gravidade da Terra parasse a lua milhares de milhões de anos atrás. A lua ainda está trabalhando com a Terra para mudar isso, mas vai demorar um longo tempo antes de nos tornarmos presos à ela.

Nesta desaceleração da rotação, energia é perdida pela Terra. Esta energia é transferida para a lua, que está se acelerando, e quanto mais rápido algo orbita, mais e mais longe fica do objeto que está orbitando.

No entanto, nossa relação ainda vai demorar um pouco para se desmanchar. 50 bilhões de anos a partir de agora, 45 bilhões de anos após o sol se cansar de nossas travessuras e se tornar uma gigante vermelha, quando os dias terão 45 horas de duração, a lua vai chegar à conclusão que nada mais está como antes e vai se mudar para seu novo apartamento, pronta para começar sua nova vida. Até lá, nós ainda teremos bons momentos juntos com nossa velha companheira.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Os 45 anos da conquista da Lua

(Ulisses Capozzoli - Scientific American Brasil) Exatamente às 17 horas, 17 minutos e 43 segundos (horário de Brasília) da tarde de 20 de julho de 1969, pela primeira vez na história da civilização, uma pegada humana marcou a superfície de outro astro, além da Terra.

Na tarde deste domingo, um dos maiores feitos da história da ciência completa 45 anos.

As pegadas foram produzidas pelas botas espaciais do comandante da missão Apollo 11, Neil Armstrong (1930- 2012), seguido pelo seu companheiro de pouso Edwin “Buzz” Aldrin, enquanto o terceiro membro da missão, Michael Collins, permanecia a bordo da nave de retorno à Terra, circulando em órbita lunar.

A descida, saudada com a frase que ficou para a história: “um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade” marcou o ápice de um processo que havia começado com o lançamento do Sputnik-1, o primeiro satélite artificial da Terra, pela União Soviética, em 7 de outubro de 1957.

O feito dos soviéticos foi recebido com surpresa e receio nos Estados Unidos que trataram de acelerar os processos para também enviar um engenho do mesmo tipo em órbita da Terra.

Os americanos receberiam um segundo e ainda mais surpreendente golpe, em 12 de abril de 1961, quando a União Soviética anunciou o vôo do primeiro astronauta (cosmonauta) russo, Iuri Gagárin (1934-1968).

O período era marcado pela guerra fria, o potencial confronto nuclear entre a então União Soviética e seus aliados e os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Nesse contexto, os feitos no espaço eram utilizados como forma de propaganda por cada uma das potências, interessadas em demonstrar eficiência sobre sua oponente.

Análises simplistas tendem a considerar que “a conquista da Lua” foi resultado de uma queda de braço militar entre União Soviética e Estados Unidos, mas esse é um equívoco produzido por uma consideração reducionista quanto à complexidade da história.

O contexto teve como cenário de fundo um conflito potencial, mas ela apenas acelerou uma tendência natural de avanço que começou desde que os humanos deixaram seu berço ancestral, na África e, possivelmente, ao mesmo tempo, também no Sul da China.

A história dos vôos tripulados à Lua, que se estenderam até a Apollo 17, em dezembro de 1972, de forma algo perturbadora revela que, de alguma maneira, já estivemos no futuro e, de lá, retornamos ao passado a bordo de uma surpreendente máquina do tempo.

A Lua esquecida
Com a Apollo 17 − lançada em 7 de dezembro de 1972 e que pousou sua tripulação no mar, em 19 de dezembro – a Lua foi literalmente esquecida, como se, durante os anos 60, não tivesse sido a obsessão que consumiu bilhões de dólares em recursos e esforços até então inéditos na historia da ciência e tecnologia.

Por que a Lua foi esquecida?

A resposta para uma pergunta como essa é que o satélite da Terra, conquistado por uma tripulação americana, simplesmente deixou de ser uma meta política, ainda que, de um ponto de vista estritamente científico, ainda hoje não estejam encerradas as controvérsias envolvendo sua origem.

A teoria que prevalece hoje, remanescente das três principais originalmente propostas, considera que, na sua juventude, a Terra foi atingida por um bólido cósmico, um corpo do porte de Marte, que arrancou uma porção de sua matéria e a ejetou no espaço, onde um processo de condensação gravitacional deu origem à Lua.

Em vez da Lua, o que atrai as atenções e esforços neste momento é Marte, um mundo mais apropriado à ocupação humana que a Lua, mais estéril que o mais agressivo deserto da Terra.

Em Marte, sucessivas missões pousaram na superfície do planeta utilizando paraquedas e isso porque o planeta dispõe de uma atmosfera, mesmo rarefeita e com apenas traços de oxigênio, elemento liberado pelas formas de vida na Terra e indispensável à respiração de mamíferos como os humanos.

Em escala mais complexa, no entanto, a tendência é a Lua atuar como uma espécie de trampolim para Marte, em rotas que, no futuro nada distante, tende a fazer desse planeta vizinho uma espécie de “novo mundo”, tal como, no passado, ocorreu com a ocupação e colonização da América.

Um crítico apressado pode argumentar que a escala de desafios comparativos é muito maior, o que não deixa de ser verdade.

Mas também é verdade que a saga do espalhamento dos humanos sempre superou os obstáculos mais desafiadores: do grande vazio dos oceanos ou as vastas extensões de gelo e desertos.

Daí a beleza da expressão criada pelo pai da astronáutica, o russo Konstantin Tsiolkvski: “a Terra é o berço dos humanos, mas ninguém pode viver eternamente no berço”.

Qual a importância da Lua para a Terra, além de fonte de inspiração romântica e efeito maré que eleva as águas e mesmo a porção sólida da Terra?

Estabilizadora da Terra
A resposta é que, na ausência da Lua, poderíamos nem estar aqui, escrevendo ou lendo um texto sobre o quadragésimo quinto aniversário de sua “conquista”.

A Lua, desde que colocou ao lado da Terra, compondo um sistema planetário duplo, atuou como um escudo contra bólidos que chegaram e continuam a vir do espaço profundo. Entulhos que sobraram da formação do Sistema Solar há 5 bilhões de anos, como cometas e asteróides.

A superfície craterada da Lua, visível por telescópios de pequeno porte, é uma clara evidência de que, na ausência dela, boa parte desses impactos teria atingido a Terra e o maior ou maiores deles poderiam ter produzido mais de uma extinção em massa, e eventualmente inviabilizando os humanos.

Além dessa função de escudo, a Lua desempenha também um papel de âncora estabilizadora dos movimentos orbitais da Terra. Isso significa dizer que as coisas, de um ponto de vista de mecânica celeste, envolvendo a Terra, só são como conhecemos devido à presença estabilizadora da Lua.

Em datas como essa é natural certa especulação sobre o futuro da Lua. Em linhas gerais, o que deve ocorrer?

Uma aposta razoável é que o retorno à Lua deverá ser promovido pela indústria do turismo. Inicialmente com vôos em órbita da Terra, como já ocorre. Depois com viagens até a órbita da Lua, como aconteceu com missões que antecederam a Apollo 11. E, então com pousos na superfície lunar.

O Japão já cogitou planos para criação de um complexo hoteleiro na Lua, o que ainda rescende a pura ficção científica. Mas a China, com um programa espacial determinado e ambicioso, pode se apossar desse troféu com a ambição que caracteriza seus projetos.

Onde esses hotéis serão instalados?

Certamente na face visível da Lua e não no lado oculto (não existe um lado escuro da Lua como muita gente ainda acredita). Da face visível um turista do futuro poderá observar as luzes das grandes cidades da Terra e, mais que isso, contemplar a Terra como se fosse a própria Lua exibindo suas diferentes fases no céu.

Turistas que estão nascendo agora
No futuro não muito distante turistas espaciais privilegiados, que talvez estejam nascendo agora, poderão observar, por exemplo, a beleza da Terra em fase cheia, inundando o espaço próximo com a luz azulada produzida por sua atmosfera.

A tendência é de o lado oculto da Lua – resultado de interações gravitacionais que fazem com que um dia e uma noite lunares durem cada um duas semanas da Terra – ser preservado para observações científicas do espaço profundo, livre, por exemplo, de poluição no comprimento de onda de rádio que caracteriza a Terra.

Uma questão intrigante nestes momentos é, também, um grupo, ao que tudo indica decrescente de pessoas que se recusam a acreditar que tripulações humanas já desceram na Lua.

Como explicar esse descompasso em pleno século 21.

O ceticismo quanto a viagens tripuladas à Lua remete a uma idade pré-científica que ainda não se esgotou. No Brasil, por exemplo, o processo de urbanização só se consolidou nos anos 70. Antes disso, a maior parte da população vivia no campo, com hábitos influenciados pelo ritmo da Natureza, sem base científica para conceber que sistemas de propulsão como os foguetes que entronizam satélites em órbita da Terra, possibilitam viagens no aparente vazio do espaço.

E que essas viagens só estão começando.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

E se a Lua não existisse mais?


(Fundação Planetário) A Máquina do Tempo (2002), Oblivion (2013) e Espaço: 1999 (1975) são três filmes de ficção científica que têm algo em comum: nas histórias, a Lua é destruída ou tirada de órbita. O que mudaria se isso acontecesse de fato? E se a Lua nunca tivesse existido? Como seriam as coisas por aqui?

O diâmetro da Terra é pouco mais que quatro vezes o diâmetro da Lua. Confrontada com um mapa terrestre, a silhueta da Lua cobre facilmente a Austrália ou a Europa. Considerando os demais planetas do Sistema Solar, que possuem satélites, a Lua é muito grande comparada com o planeta que orbita. Já foi sugerido que o conjunto Terra-Lua seria um planeta duplo, tanto pela relação de tamanhos quanto à distância entre os astros.

Esta particularidade do sistema Terra-Lua faz com que a força gravitacional entre os astros seja tremenda. A influência mais notável pode ser facilmente visualizada pelas marés. A massa lunar também influencia o eixo de rotação da Terra. Sem a Lua as marés seriam irregulares e as estações do ano variariam abruptamente. Isso tudo causaria grandes problemas para os habitantes da Terra.

Outra função que Lua exerce naturalmente é servir de escudo para nós. Muitos pequenos corpos celestes colidem com nosso satélite em vez de nos atingirem. Sem a Lua qualquer corpo que passasse suficientemente perto seguiria direto para o nosso planeta.

Daí concluímos que, se a Lua não existisse para regular ciclos de marés e estações climáticas, talvez a vida como conhecemos nem teria se desenvolvido na Terra. Se nosso satélite de repente sumisse, haveria terremotos, ameaças de meteoritos, tsunamis e perturbações climáticas enormes. Uma coisa é certa: os observadores de estrelas gostariam de não ter aquelas noites de Lua cheia no céu ofuscando objetos menos brilhantes, como nebulosas e galáxias. Por outro lado os românticos teriam menos uma beleza no céu para cantar:

“Poetas, Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar”
 (Lunik 9 por Gilberto Gil, 1967)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Cruithne: a Terra teria mesmo duas Luas como dizem por aí?

 
Concepção artística mostra o 3753 Cruithne.


(Apolo11) A descoberta de um asteroide de cerca de 5 km de comprimento em 1986, despertou a atenção dos astrônomos e do público em geral. O objeto tinha uma órbita tão incomum que quando visto da Terra dava a impressão que orbitava nosso planeta e muitos chegaram a chama-lo de segunda Lua.

Batizado de 3753 Cruithne, o objeto é mais um dos milhares de asteroides que repentinamente cruzam a órbita da Terra.

Normalmente, essas rochas passam pelo nosso planeta e seguem sua jornada ao redor do Sol, mas no caso de Cruithne uma rara interação gravitacional o colocou em uma órbita do tipo ferradura, produzindo um padrão orbital bastante estranho.

Diagrama mostra o trajeto que Cruithne descreve ao redor da Terra.


Se você pudesse observar órbita de Cruithne de fora do nosso Sistema Solar, não teria qualquer dúvida que o asteroide orbita o Sol, mas de forma um pouco diferente das elipses comuns.

O motivo é que Cruithne é fortemente afetado pela gravidade terrestre, que achata o padrão orbital e produz uma visão que é no mínimo interessante aos observadores na Terra. Devido à essa interação, ambos os objetos retornam todos os anos na mesma posição dentro das respectivas órbitas, o que causa a falsa impressão que Cruithne gira ao redor do nosso planeta e não do Sol.


Representação pode ser vista com mais detalhes.

De acordo com os cálculos, a atual orbita deverá se manter assim por pelo menos 5 mil anos até que algo inusitado poderá acontecer.

Animação mostra a dinâmica de modo mais simplificado. Créditos: Celestia Software, Wikipedia, Youtube, Apolo11.com.


Apesar da falsa impressão, modelos astronômicos indicam que a orbita atual de Cruithne não é estável.

Simulações indicam que Cruithne poderá realmente ser capturado pela gravidade da Terra e tornar-se uma verdadeira Lua.

Os modelos mostram que essa órbita também não será estável e deverá durar mais ou menos 3 mil anos, até que 3753 Cruithne entre novamente na órbita solar. Quem viver verá!

terça-feira, 15 de julho de 2014

Chineses a caminho da Lua


(Mensageiro Sideral - Folha) Se você ainda tinha dúvidas de que os chineses estão falando sério em promover a colonização da Lua, escute esta: eles acabaram de realizar um teste de 105 dias de um protótipo do sistema de suporte de vida de sua primeira base lunar.

Três voluntários — um homem e duas mulheres — foram trancafiados durante pouco mais de três meses num habitat de 160 metros quadrados montado na Universidade de Pequim. O experimento foi concluído no dia 20 de maio, e agora os chineses confirmam que tudo transcorreu conforme suas expectativas.

Pode parecer uma coisa pouco sofisticada, considerando que astronautas e cosmonautas passam meses e meses “trancafiados” na Estação Espacial Internacional (ISS) desde 2000. Mas este caso é bem diferente. O sistema chinês, apropriadamente batizado de Lunar Palace 1 (acredite se quiser, mas o Palace é um acrônimo para Permanente Astrobase Life-support Artificial Closed Ecosystem), é fechado. O que isso quer dizer? Em essência, que o ar e a água são reciclados por mecanismos internos, e a “tripulação” também produz seus próprios alimentos localmente.

Nesse sentido, é um sistema muito mais sofisticado que o da ISS, onde ar, água e alimentos são constantemente reabastecidos a partir da Terra para a manutenção da habitabilidade. A ideia é que o habitat chinês, composto por três módulos, seja autossustentável.

AGORA VAI?
Em essência, a ideia se parece muito com a da Biosfera-2, imensa instalação construída no Arizona que tinha a mesma ambição, com a diferença de que no projeto americano tudo que tinha para dar errado deu. No caso chinês, pelo menos nos 105 dias de duração do experimento, aparentemente tudo correu bem.

Dos três módulos, dois são dedicados ao cultivo. É dessas plantas, iluminadas artificialmente, que veio a maior parte da alimentação dos tripulantes. Como fonte adicional de proteína, os chineses também cultivavam… minhocas. Yuck! Mas quem experimentou diz que elas têm gosto de batata frita. Será? Seja qual for o sabor, dizem que elas são uma ótima fonte de proteínas.

A produção interna respondeu por 55% do total consumido. Os 45% restantes foram abastecidos de fora e consistiam predominantemente em carne, segundo a CMSE, Engenharia Espacial Tripulada da China.

O oxigênio era produzido pelas próprias plantas, e a água era inteiramente reciclada. Fezes viraram adubo. E por aí foi. Com o sucesso inicial, a ideia é ir sofisticando o sistema para testes em ambiente espacial — primeiro em órbita terrestre e, futuramente, na Lua.



DE OLHO NA LUA
O programa de exploração lunar chinês continua nos trilhos. O primeiro jipe robótico deles, o Yutu, chegou ao solo do nosso satélite natural em dezembro do ano passado e até agora ainda funciona — embora tenha se tornado uma espécie de “morto-vivo” após o primeiro mês de operações, quando seus sistemas móveis pifaram. Sem poder ir de um lugar a outro, acabou se tornando meio inútil para exploração. Virou basicamente um teste de resistência de seus componentes individuais.

A China já planeja um segundo jipe do mesmo tipo para o ano que vem e a missão seguinte — Chang’e-5 — deve realizar um retorno de amostras, antes de 2020. O Mensageiro Sideral deu uma olhada no diagrama da espaçonave projetada para a missão e é de arrepiar — parece um modelo em miniatura dos módulos lunares do Projeto Apollo, que levaram os americanos à Lua entre 1969 e 1972!

Está cada vez mais claro que os chineses têm um plano consistente e metódico para se estabelecer na Lua, possivelmente antes que vejamos o fim da década de 2020. A essa altura é muito improvável que os primeiros exploradores a caminhar sobre o solo lunar no século 21 não sejam mesmo taikonautas.
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E mais:
Base lunar da China é testada com sucesso na Terra (Inovação Tecnológica)