criará um buraco de 30 metros de diâmetro na superfície da Lua
(National Geographic / Terra) A poeira levantada pela colisão deliberada entre o veículo orbital lunar chinês Chang'e-1 e a superfície da Lua, em 1° de março, nem bem assentou. Mas cientistas da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) já estão preparando uma nova sonda que colidirá com o satélite da Terra, na esperança de desalojar a camada de gelo lunar.
A nova missão da Nasa, cujo lançamento está marcado para abril, vai levar adiante uma tradição criada décadas atrás, de perturbar a Lua em nome da ciência - e alguns especialistas estão pedindo mais cautela no futuro.
Conhecida como Satélite de Observação e Sensoreamento de Crateras da Lua (LCROSS), o veículo da Nasa criará um buraco de 30 metros de diâmetro na superfície da Lua, e a colisão deve desalojar 220 toneladas de material.
Impactos violentos como esses não são incomuns - a superfície lunar já está marcada pelos destroços de mais de duas dezenas de veículos orbitais, sondas e veículos lunares lançados desde os anos 60.
Mas à medida que a nova corrida espacial internacional se aquece, surge um crescente movimento cujo objetivo é procurar equilibrar a ambição científica e suas possíveis consequências. "Sempre que você provoca uma colisão, obviamente você destrói alguma área da superfície lunar ao conduzir seu estudo, e isso não é bom", disse Gary Lofgren, curador das amostras lunares da Nasa.
No ano passado, o comitê de pesquisa espacial do Conselho da Ciência impôs novos requerimentos de documentação para manter a credibilidade de futuras descobertas na Lua.
"É necessário compreender que materiais o veículo levou com ele, ante os materiais que foram depositados lá naturalmente", disse Catharine Conley, encarregada de proteção planetária da Nasa.
Simplesmente um ferimento superficial?
O Lunar Reconnaissance Orbiter, uma espaçonave do tamanho de um utilitário, deve ser lançado em 24 de abril, e ao final de sua missão deve enviar o veículo de colisão para se chocar contra a superfície da Lua no começo de agosto. Os telescópios mundiais estarão observando o ponto de impacto para obter imagens dos destroços, e existe uma chance de que os astrônomos amadores consigam ver a nuvem de poeira com seus telescópios caseiros.
Funcionários da Nasa dizem que o LCROSS tem uma função vital para determinar o futuro da exploração lunar. Caso a colisão confirme que existem reservatórios de gelo na Lua, esses recursos de água poderiam servir para sustentar bases que, no futuro, seriam usadas em programas espaciais que podem levar seres humanos a Marte ou mais além.
Quando ao lixo deixado pela colisão, a maior parte do veículo deve ser vaporizada no impacto, disse Grey Hautaluoma, um porta-voz da Nasa, e o combustível do veículo seria ejetado antes do impacto de modo a evitar contaminar os dados obtidos sobre a nuvem de detritos.
Vale o preço?
De acordo com Lofgren, o curador de amostras lunares, quaisquer danos que venham a ser infligidos contra a Lua seriam um preço pequeno a pagar por décadas de resultados propiciados pela ciência lunar.
No momento, restos de naves espaciais ocupam apenas uma pequena porção da superfície da Lua. Além disso, meteoros em geral se chocam com a Lua em velocidade de cerca de 25 quilômetros por segundo, o que causa danos à superfície lunar. Em sua maior parte, os impactos causados por seres humanos atingem a Lua com um décimo dessa velocidade.
"A colisão vai simplesmente espalhar coisas", ele disse. "Não haverá vaporização de materiais. Não haverá derretimento de rochas". E porque a Lua não tem atmosfera ou vento, os detritos não se deslocarão e contaminarão outros locais. "Serão apenas pedaços de metal repousando na superfície", ele disse.
Conley, a encarregada de proteção planetária, apontou que a proteção contra contaminação na Lua - onde nenhuma forma conhecida de vida poderia sobreviver - jamais seria tão severa quanto em planetas potencialmente habitáveis, a exemplo de Marte.
As espaçonaves da Nasa que se dirigem a Marte são meticulosamente esterilizadas, e já estão sendo desenvolvidos planos para quarentena rigorosa de quaisquer amostras marcianas que possam no futuro vir a ser trazidas à Terra.
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