(The New York Times / Terra) Antes de a NASA enviar astronautas de volta à Lua, ela quer explorar o território que tem sido amplamente ignorado desde a última vez que enviou astronautas para lá há aproximadamente 40 anos.
A Lunar Reconnaissance Orbiter - lançada na quinta-feira - carrega a primeira de uma série de missões robóticas para mapear e medir a Lua de forma bem mais detalhada que anteriormente.
É de interesse particular descobrir se a água congelada pode se esconder nas sombras das crateras perto dos pólos da Lua.
"Nós realmente temos informações muito esparsas sobre aquelas áreas da Lua", disse Craig Tooley, o gerente de projeto da missão. "Temos mapas muito melhores de Marte do que das regiões polares da Lua."
Para os ocupantes de um futuro assentamento lunar, gelo seria uma fonte não só de água para consumo, mas também de ar e energia. Moléculas de água podem ser quebradas em oxigênio e hidrogênio.
A carga da sonda inclui uma câmera que pode detectar objetos tão pequenos quanto aproximadamente um metro de largura, um instrumento de medição de calor para descobrir lugares frios o suficiente em que o gelo consiga persistir próximo a superfície, um altímetro laser para produzir mapas topográficos e um telescópio cósmico para medir a radiação da chuva sobre a Lua.
A proposta principal da missão é ajudar a Nasa a encontrar locais de aterrissagem para os astronautas e planejar como construir uma base na Lua. Os dados também serão uma vantagem para os cientistas. O gelo, se existir, poderá proporcionar um antecedente único dos últimos 2 bilhões de anos do Sistema Solar.
Porções de crateras polares encontram-se em sombra permanente com temperaturas menores que 149°C abaixo de zero. Astrônomos especulam que quando cometas atingiram a Lua, vapor de água dos impactos teria se acumulado nos pontos frios das crateras. Se for verdade, "a Lua se transforma em um depósito para antigos registros dos impactos," afirmou James B. Garvin, cientista-chefe da Nasa.
Em meados de 1990, a nave espacial Clementine, uma colaboração entre a Nasa e o Departamento de Defesa, encontrou reflexos resplandescentes que sugeriam algo brilhante no fundo das crateras próximo ao pólo sul. Em 1998, a nave especial Explorador Lunar da Nasa detectou a presença de hidrogênio e talvez a mais simples explicação seja que o hidrogênio está dentro das moléculas de água, embora o hidrogênio possa também vir de partículas de vento solar comprimidas no solo lunar por de bilhões de anos.
Os instrumentos a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter são muito mais sensíveis e precisos e podem fornecer respostas definitivas. Se essa não for suficiente, uma segunda sonda com a nave no espaço poderá providenciar evidências ainda mais diretas.
Como o foguete Atlas V que carrega a sonda é capaz de levar uma carga mais pesada, a Nasa usou espaço e peso extras para a segunda missão conhecida como Satélite de Percepção e Observação da Cratera Lunar (LCROSS na sigla em inglês).
Após a decolagem, a sonda e a LCROSS se separararam. A LCROSS estará presa ao segundo estágio esvaziado do foguete e dará uma guinada passando pela Lua para uma órbita polar ao redor da Terra. Em outubro, essa órbita irá cruzar o trajeto da Lua. A LCROSS irá lançar o estágio superior em direção às crateras polares e fotografar o impacto. Se uma pequena parte dos escombros contiver gelo, a LCROSS deverá ser capaz de detectar isso. Ela irá, então, enviar rapidamente os dados de volta à Terra antes de se chocar com a Lua quatro minutos depois.
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