(Engenharia & Astronomia) Desde que o homem tocou a Lua pela primeira vez e trouxe pedaços dela para a Terra, cientistas acreditavam que a superfície lunar era seca. Mas novas observações de três sondas diferentes colocaram essa crença para descansar com o que foi chamado de “evidência decisiva” de água pela superfície lunar.
As novas descobertas, detalhadas na edição de 25 de Setembro do jornal Science, mostra novas evidências de água congelada nos polos lunares pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA apenas semanas antes do impacto planejado da sonda LCROSS da NASA, que irá atingir uma das crateras no polo sul lunar na esperança de descobrir evidências de depósitos de água nos destroços.
A Lua continua mais seca que qualquer deserto na Terra, mas a água que é dita existir na Lua é em quantidades muito pequenas. Futuras bases lunares poderão usar essa água como uma fonte de bebida e combustível.
Chandrayaan-1, a primeira sonda lunar da Índia, tinha como propósito mapear a superfície lunar e determinar sua composição mineral. Enquanto a sonda estava ativa, o seu Mapeador de Mineralogia Lunar (M3) feito pela NASA detectou comprimentos de ondas de luz refletidos da superfície que indicavam uma ligação química entre hidrogênio e oxigênio – um sinal de água ou hidroxila.
Já que o M3 só pode penetrar alguns milímetros no rególito lunar, a água observada parece estar na ou perto da superfície. As observações do M3 também mostraram que o sinal de água ficou mais forte perto das regiões polares.
Cassini, que passou pela Lua em 1999 no seu caminho para Saturno, providenciou confirmação deste sinal com o seu próprio sinal de detecção ligeiramente mais forte de água/hidroxila. A água teria que ser absorvida ou presa no vidro e minerais da superfície lunar, escreveu Roger Clark da Pesquisa Geológica Norte-Americana em um estudo detalhando as descobertas do Cassini.
Os dados do Cassini mostram uma distribuição global do sinal de água, mas também parece estar mais forte perto dos polos (e fundo nos mares).
Finalmente, a sonda Deep Impact, como parte de sua missão EPOXI e por pedido da equipe do M3, realizou detecções em infravermelho da água e hidroxila como parte de seu exercício de calibração durante vários sobrevoos do sistema Terra-Lua em seu caminho para o seu sobrevoo planejado pelo cometa 103P/Hartley 2 em Novembro de 2010.
O Deep Impact detectou o sinal em todas as latitudes acima de 10ºN, embora novamente os polos tenham mostrado os sinais mais fortes. Com seus vários sobrevoos, o Deep Impact pode observar as mesmas regiões em diferentes horários do dia lunar. No meio-dia, quando os raios do Sol estavam mais fortes, o sinal de água era mais baixo, enquanto de manhã, o sinal era mais forte.
“As observações do Deep Impact da Lua não só confirmaram a presença de água/hidroxila na superfície lunar, mas também revelaram que toda a superfície lunar é hidratada durante pelo menos uma porção do dia lunar,” escreveram os autores no estudo.
As descobertas de todas as três sondas “providenciaram evidências não-ambíguas para a presença de hidroxila ou água,” disse Paul Lacey da Universidade do Havaí em uma pesquisa de opinião acompanhando os três estudos. Lacey não esteve envolvido com nenhuma das missões.
Os novos dados “forçam uma reavaliação crítica da noção que a Lua é seca. Ela não é,” escreveu Lacey.
De onde a água vem
Combinadas, as descobertas mostram que a Lua não só é hidratada, mas que o processo que faz isso é tão dinâmico que é acionado pelas mudanças diárias na radiação solar acertando qualquer ponto na superfície.
O Sol também pode ter algo a ver com a forma como a água chegou lá.
Existem dois potenciais tipos de água na Lua: a água que foi trazida por fontes externas, tais como cometas com água atingindo a superfície, ou aquela que se originou na própria Lua.
Acredita-se que esta segunda fonte possivelmente vem da interação com o vento solar com as rochas lunares e o solo.
As rochas e o rególito que constituem a superfície Lunar são compostos de aproximadamente 45% de oxigênio (combinado com outros elementos como a maioria dos silicatos). O vento solar é constituído na sua maioria de prótons, ou átomos de hidrogênio com cargas positivas.
Se o hidrogênio com carga, que viaja à um terço da velocidade da luz, acertar a superfície lunar com força o bastante, ele irá quebrar ligações de oxigênio nos materiais do solo, suspeita Taylor, um membro da equipe do M3. Quando oxigênio e hidrogênio livres existem, há uma alta chance que pequenas quantidades de água se formem.
Os vários pesquisadores do estudo também sugerem que a desidratação e reidratação diária da água pela superfície poderia levar à uma migração da hidroxila e hidrogênio para os polos, onde eles poderiam se acumular nas regiões que estão permanentemente na sombra dentro de crateras.
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