segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A batata lunar americana está assando


(Mensageiro Sideral - Folha) Os chineses estão se preparando para seu primeiro pouso não-tripulado na Lua. O lançamento da sonda Chang’e 3 deve acontecer no mês que vem, e, como o Mensageiro Sideral já havia sugerido, parece ser um precursor para futuras missões com astronautas.

Até aí, nada de novo. A última novidade foi ver os astronautas veteranos de pousos lunares Buzz Aldrin (Apollo 11) e Eugene Cernan (Apollo 17) fazerem essa mesma avaliação e dizerem à revista “Aerospace America” que os detalhes de engenharia que estão emergindo da sonda lunar chinesa sugerem que ela seja um precursor formal para um módulo lunar tripulado que pudesse levar gente à Lua em 2030.

Na avaliação da dupla, o momento é perfeito para a Nasa iniciar um projeto de cooperação com a China para levar humanos — chineses e americanos — de volta à Lua, como prelúdio a missões internacionais tripuladas para Marte.

Que fase, hein, Nasa? Na boa, mas os americanos estão vendo a batata assar para o lado deles. Enquanto ficam patinando entre projetos (primeiro com o Constellation, de Bush, que promoveria o retorno à Lua, depois com a missão de captura de asteroide, que o Obama está tentando empurrar no lugar), os chineses têm um plano claro e bem definido de progressão de seu programa espacial. Mesmo gastando bem menos que os EUA, a China tem tudo para assumir a liderança da exploração espacial na próxima década, pelo simples fato de que sabe aonde está indo.

Até pouco tempo atrás, havia gente que achava que isso poderia levar a uma nova corrida espacial, com chineses e ianques duelando pela liderança. Contudo, está claro que os americanos estão perdendo espaço (literalmente) a cada minuto que passa. Enquanto isso, os taikonautas estão cada vez mais assanhados. O governo chinês recentemente anunciou que busca parceiros para usar a estação espacial própria (nos moldes da antiga Mir russa) que eles irão construir até 2020 (detalhe: durante anos eles quiseram fazer parte do consórcio da Estação Espacial Internacional, e foram barrados pelos EUA).

Nesse meio tempo, os americanos estão num impasse entre proteger seu investimento no complexo orbital compartilhado com russos, europeus, japoneses e canadenses (financiando-o além de 2020) e bancar os novos foguetes e veículos de exploração de espaço profundo.

Na última vez em que conversei com Cernan, quando ele esteve no Brasil, em 2010, o astronauta veterano se mostrava preocupado com a falta de diretrizes e rumo do programa espacial americano, em face do avanço chinês. Se agora ele já sugere cooperação, é sinal de que viu que a vaca ianque já foi para o brejo lunar…

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