quarta-feira, 12 de março de 2014

Novidades do Yutu


(Cássio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) O jipe chinês Yutu está prestes a acordar do seu terceiro período de hibernação na superfície lunar. Abastecido por painéis solares, o jipe literalmente se encolhe durante as noites lunares, que duram 14 dos dias terrestres, para conservar o calor interno. Sempre que a noite lunar se aproxima, os painéis solares do jipe se dobram, melhorando o isolamento térmico e mantendo o calor gerado por baterias nucleares. Isso mantém os circuitos eletrônicos funcionando, fazendo com que eles sobrevivam às temperaturas que podem chegar a -150 graus Celsius. Deveria ser assim.

Na sua segunda noite na Lua, os painéis solares não responderam ao comando para se fecharem, ameaçando os sistemas eletrônicos. Apesar de ter sido dado como morto, o jipe enviou sinais de telemetria quando acordou de sua segunda hibernação no dia 12 de fevereiro. A agência espacial chinesa não forneceu muitas informações sobre a origem do problema, mas a suspeita de sempre, a poeira lunar, foi apontada por especialistas estrangeiros como a principal culpada pelo problema. A missão Apolo mostrou que a poeira se adere a tudo e é praticamente impossível de se limpar, pois é carregada eletricamente.

As investigações posteriores mostraram um mal funcionamento na unidade de controle de movimento do jipe. A falha nessa unidade impediu que os painéis se dobrassem como planejado, o que fez os circuitos do Yutu sofrerem com as baixas temperaturas da noite lunar. Nesse momento o jipe está terminando sua terceira noite e os técnicos chineses aguardam para saber da integridade dos sistemas novamente.

Mesmo que o jipe acorde novamente, sua missão científica está perdida, pois a ideia era que ele explorasse as imediações do módulo de pouso Chang’e-3. Mesmo com os instrumentos funcionais, o Yutu só vai poder investigar o local onde está parado. Já o módulo de pouso está plenamente funcional, exceto sua câmera panorâmica, que não funciona mais, conforme o previsto.

Agora que o problema foi identificado – ao menos é o que parece -, os técnicos chineses devem estar trabalhando no réplica do Yutu que será lançada na missão Chang’e-4. Com lançamento previsto para dezembro do ano que vem, a missão do Yutu-2, como está sendo chamado informalmente, deve ser mais ambiciosa. Enquanto isso, o cronograma da missão Chang’e-5, que prevê não só um pouso controlado, mas também a coleta de amostras do solo e o envio delas para a Terra, está correndo normalmente.

Apesar da missão científica do Yutu ter sido encerrada prematuramente, os técnicos chineses aguardam pelo despertar do jipe para avaliar a resistência dos circuitos eletrônicos quando expostos a temperaturas tão baixas. Toda informação será útil para preparar as missões futuras.

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