quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Estudos sugerem que nascimento da Lua teria sido violento



(The New York Times/Folha) Enquanto a Lua dá a volta na Terra, a cada 28 dias, e nos mostra progressivamente mais e depois menos de sua face, a distância entre Lua e Terra também muda.

No perigeu, o ponto de sua órbita em que ela está mais próxima da Terra, a Lua pode estar 42 mil quilômetros mais perto de nós do que no ponto mais distante.

E se ela chega ao perigeu ao mesmo tempo em que está em diagonal em relação ao Sol, temos a chamada superlua, uma lua cheia que pode parecer que está tão perto que a poderíamos abraçar, -até 12% maior e 30% mais iluminada que a lua cheia média.

A atenção dada à superlua pelos astrônomos é excessiva. Eles observam que o termo "superlua" nasceu com a astrologia, não a astronomia; que as luas cheias de perigeu não são tão raras assim, tanto que acontecem em média a cada 13 meses, e que seu tamanho maior muitas vezes se deve tanto a uma ilusão ótica ou outra quanto à relativa proximidade lunar.

Mesmo assim, eles concordam que, seja pela razão que for, devemos sim olhar para nossa Lua com frequência e cedo e apreciar as muitas características que a diferenciam das mais de cem outras luas do sistema solar. E que deveríamos até enxergar nosso satélite como um planeta.

"Eu sei que isso contraria a nomenclatura atual", disse David A. Paige, professor de ciência planetária na Universidade da Califórnia em Los Angeles, aludindo à definição de um planeta como sendo o objeto gravitacional dominante em sua órbita. "Mas, de onde eu venho, qualquer coisa que seja grande o suficiente para ser redonda é um planeta."

Diferentemente da maioria das luas, a nossa tem a capacidade e força de coalescer em uma esfera. Cientistas dizem que, embora o público possa não pensar na Lua com frequência, os estudos lunares estão rendendo muitas conclusões e surpresas interessantes.

Um grupo de pesquisadores relatou evidências novas de que a Lua teria tido origem violenta quando a Terra colidiu com um planeta que não sobreviveu. Outra equipe propôs que as origens cataclísmicas da Lua podem explicar seus traços misteriosos que conhecemos como o "homem da Lua" ou "rosto da Lua".

A Lua não é o maior satélite do sistema solar -três luas de Júpiter e uma de Saturno são maiores-, mas, com um diâmetro de 30% o da Terra, é de longe o maior em relação a seu planeta.

Outra característica que destaca nossa Lua é sua origem. Acredita-se que muitas das outras luas no sistema solar sejam transeuntes celestiais que foram atraídos para a órbita de um planeta ou que se formaram ao mesmo tempo que seu planeta a partir de um disco inicial de poeira, gás e rochas.

Segundo a hipótese reinante, há mais ou menos 4,5 bilhões de anos, pouco depois de a Terra ter se aglutinado para formar uma esfera, outro planeta recém-nascido chocou-se com ela.

Essa fonte de "impacto gigante", Teia, que na mitologia grega era a mãe da deusa da Lua, teria tido mais ou menos o tamanho de Marte e teria se pulverizado. De acordo com a hipótese, nossa Lua se condensou a partir dessa nuvem incandescente.

A hipótese do impacto gigante fazia sentido, mas havia poucas evidências concretas dela. Agora elas parecem ter chegado.

O geoquímico Daniel Herwartz, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, e seus colegas relataram no periódico "Science" ter detectado em rochas lunares razões isotópicas de oxigênio diferentes das formas de oxigênio encontradas na Terra. Para Herwartz, "é a diferença entre Terra e Lua prevista na teoria do impacto".

Outros sinais da colisão fogosa podem continuar presentes nas manchas claras e escuras da Lua, que há muito tempo são comparadas ao rosto de um homem.

Esse é o único lado da Lua que vemos, graças ao fato de a Terra ter prendido seu satélite num chamado acoplamento de maré: o tempo que a Lua leva para descrever uma rotação em torno de seu próprio eixo, quatro semanas, é o mesmo que leva para orbitar a Terra, o que significa que o mesmo lado dela sempre está voltado para a superfície terrestre.

Desde que os astrônomos primeiro viram fotos da face oculta da Lua, tentaram entender por que ela difere visivelmente da face que é voltada para nós, especialmente em relação à ausência das planícies planas e escuras conhecidas como os mares da Lua.

Em artigo no "The Astrophysical Journal Letters", cientistas aplicaram lições tiradas do estudo de exoplanetas sujeitos ao acoplamento de maré, com um lado eternamente voltado para o Sol.

Arpita Roy, doutorando de astronomia e astrofísica na Universidade Pennsylvania State e um dos autores do artigo, disse que imediatamente após o impacto gigante, a Terra teria estado tão quente quanto um pequeno sol, de modo que a metade da Lua voltada para ela também permaneceu quente, enquanto o lado oposto pôde esfriar. Alguns metais e silicatos da nuvem de poeira que cercava a orbe jovem teriam se assentado sobre o lado mais frio.

Graças a isso, impactos futuros de meteoros sobre o lado distante não teriam perfurado a crosta, enquanto os que atingiram o lado voltado para nós, com crosta mais fina, teriam exposto as camadas interiores da Lua, mais moles.

"As crateras teriam se enchido do material pegajoso que havia por baixo."

Esse material gosmento teria então endurecido para formar os mares que vemos quando temos o bom senso de olhar para cima e prestar atenção à Lua.

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