Satélite Chandrayaan-1, a bordo de foguete, é lançado rumo ao espaço; Índia se tornou o quarto país a marcar presença na Lua
(New Scientist / Folha) Se no século 20 a corrida espacial foi disputada por Estados Unidos e União Soviética, nos próximos cem anos a disputa deve ganhar novos competidores, com Índia, China e União Europeia "congestionando" o tráfego de sondas, satélites e naves no espaço.
Em janeiro deste ano, a sonda espacial indiana Chandrayaan-1 foi lançada para uma missão um tanto nostálgica. Durante quatro dias, sobrevoou a superfície lunar com o objetivo de mapear os seis locais em que as naves Apollo, dos Estados Unidos, pousaram. O objetivo, segundo a Indian Space Research Organisation, era confirmar as descobertas sobre a superfície e as rochas do satélite.
Entretanto, a missão teve um motivo adicional: A Índia está entre os países determinados a enviar um homem para a Lua. E não está sozinha nesse alvo, já que Estados Unidos, Rússia e China já declararam ter o mesmo objetivo.
Se a questão fosse apenas de tecnologia, dificilmente os americanos seriam derrotados. O programa Constellation, da Nasa (agência espacial dos EUA), tem o objetivo de estabelecer uma base permanente na Lua. Para isso, o programa inclui as novas naves Orion, a plataforma lunar de lançamento Altair e a nova frota de foguetes Ares, que tem elementos dos foguetes Saturn, responsáveis por levar as naves Apollo ao espaço, e dos atuais ônibus espaciais.
Há duas versões desses foguetes: a chamada Ares 1, para transporte de astronautas e das cápsulas Orion, e Ares 5 para carregar suprimentos e a plataforma Altair. Pelo cronograma, uma missão tripulada norte-americana ocorreria em 2020. Entretanto, o programa tem grandes chances de não decolar, ao menos nesta data, em razão de problemas de orçamento --analistas e até membros da Nasa reconhecem que essa meta é pouco realista.
Se o quesito principal fosse ambição nacional, em vez de tecnologia, os vencedores seriam Índia e China. Ambos os governos usam seus programas espaciais como demonstração de poder. "A China tem o sistema político e a capacidade financeira para se equiparar os Estados Unidos", afirma Jeffrey Manber, empreendedor espacial --ele já trabalhou para a empresa Energia, que também atua no setor. "Os próximos passos na Lua serão de taikonautas [nome dado para os astronautas da China]."
A China surpreendeu o mundo em 2003 com seu primeiro voo espacial tripulado, e suspeita-se que também está desenvolvendo uma estação espacial. A mídia chinesa tem frequentemente alardeado planos iminentes para enviar tripulantes para a Lua ou até Marte, mas essas notícias ainda são vistas com ceticismo.
"A história de que a China quer empreender um programa lunar parece ter saído da cabeça de poucas pessoas do programa espacial chinês, em vez de uma política oficial", afirma Roger Launius, curador de história espacial no Museu Smithsonian, em Washington. Ele afirma que o governo do país não feito declarações claras sobre o assunto.
Enquanto isso, o programa de voos tripulados da Índia tem apenas três anos. Apesar do sucesso do Chandrayaan-1, o país só deve fazer sua primeira missão espacial com humanos em 2014. Qualquer atividade na Lua ocorrerá bem depois disso.
Astronautas chineses acenam para o público antes do lançamento da nave Shenzhou-7, que realizou missão de três dias no espaço
Neste ano, os russos, que foram os primeiros a colocar um homem no espaço, anunciaram planos de construir um novo foguete capaz de transportar homens para a Lua. Entretanto, são comuns os grandes pronunciamentos da Rússia sobre atividades espaciais --poucos se tornam realidade.
Outros analistas esperam que os próximos homens a pisar na Lua vão representar um esforço internacional, e não um país específico, já que os programas espaciais estão cada vez mais integrados. Chineses e indianos trabalham em conjunto com a Rússia, que é parceira-chave dos Estados Unidos na ISS (Estação Espacial Internacional, em inglês) --15 países participam do consórcio do complexo.
Para Launius, a ISS tem a fórmula para as grandes conquistas espaciais. "Em cem anos, a ISS será lembrada pelo importante aspecto de ter sido construída e operada de modo cooperativo, e provavelmente, não muito mais que isso", diz. "Acho que os aspectos colaborativos são a forma de avançar."
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