sábado, 31 de dezembro de 2011

Nasa investe em sondas gêmeas para resolver mistério lunar

(Reuters/Terra) Duas sondas robóticas da Nasa, a agência espacial americana, devem chegar neste fim de semana à Lua para resolver um antigo mistério sobre o que existe dentro do satélite natural da Terra, e como o material foi parar lá. Uma nave da agência espacial norte-americana viaja desde setembro para a Lua levando as sondas gêmeas do Laboratório de Interior e Recuperação da Gravidade (Grail, na sigla em inglês, que significa também "graal"), que pesam 303 quilos.

A Grail-A deve iniciar às 19h21 de sábado (hora de Brasília) uma manobra de frenagem com duração de 40 minutos, para se posicionar em órbita ao redor da Lua. O Grail-B fará a mesma coisa 25 horas depois. Ambas as sondas são necessárias para a intrincada missão de mapeamento da gravidade prevista para começar em março. "Não vamos celebrar muita coisa até colocarmos o Grail-B em órbita, no final da tarde do dia de Ano-Novo", disse o gerente do projeto, David Lehman, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia.

Uma vez posicionadas a 55 km de distância da superfície lunar, as sondas Grail vão voar alinhadas, acelerando-se e desacelerando-se em resposta a mínimos puxões gravitacionais. Ao mensurar constantemente as mudanças na distância entre as duas naves, os cientistas podem criar um mapa gravitacional da Lua.

As mudanças de velocidade serão da ordem de 1 mícron por segundo (mícron é a milésima parte do milímetro). Os dados serão usados para criar um modelo do interior lunar, informação importante que, depois de mais de 100 missões à Lua, ainda falta ser coletada.

Os cientistas acreditam que a Lua se formou quando um objeto mais ou menos do tamanho de Marte se chocou contra a Terra, logo depois da formação do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. "Na verdade, entendemos pouquíssimo como essa formação aconteceu e como ela se resfriou depois do incidente violento", disse Maria Zuber, cientista-chefe do Grail, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Um enigma persistente é o que faz o lado oculto da Lua ser tão diferente da face voltada para a Terra. Enquanto o lado "de cá" é cheio de planícies grandes e escuras, formadas por antigas erupções vulcânicas, o outro lado é praticamente um grande planalto. "Parece que a resposta não está na superfície", disse Zuber. "Achamos que a resposta está trancada no interior."

Zuber e sua equipe têm 82 dias para fazer as medições. Se as sondas, construídas pela Lockheed Martin e movidas a energia solar, resistirem além do próximo eclipse solar, em junho, a missão de 496 milhões de dólares pode ser prorrogada para realizar um mapeamento detalhado da superfície lunar, à altura de apenas 25 km.
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