quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Equipes do X PRIZE competem por prêmios a caminho da Lua

Pela primeira vez, o X PRIZE está oferecendo prêmios em dinheiro durante uma competição


(Scientific American Brasil) Oito anos é um longo tempo para manter o foco em um único objetivo, especialmente um tão complexo e custoso quanto enviar um robô para explorar a lua.

Equipes competindo no Google Lunar X PRIZE – anunciado pela primeira vez em setembro de 2007, com prazo final em dezembro de 2015 – sabem muito bem disso, e foi por isso que várias delas agarraram a chance de ganhar parte dos US$6 milhões oferecidos como “prêmios de metas” [milestone prizes] para ajudar a financiar algumas das melhores ideias da competição.

Na quarta-feira, organizadores da competição anunciaram cinco finalistas para esses prêmios – Astrobotic, Hakuto, Moon Express, Part-Time Scientists e Team Indus.

Essas equipes podem receber uma injeção de capital se até setembro de 2014 conseguirem mostrar progresso suficiente em suas preparações para atingir os três objetivos principais da competição – aterrissar um veículo na lua, fazê-lo viajar pelo menos 500 metros, e se comunicar a partir da superfície lunar.

Essa é a primeira vez que um X PRIZE oferece incentivos interinos, um reconhecimento das conquistas tecnológicas dos competidores e também dos desafios de financiar essas conquistas.

Três equipes – Astrobotic, de Pittsburgh, Moon Express (com sede no Parque de Pesquisa da Nasa em Mountain View, na Califórnia) e Team Indus, da Índia – têm uma chance de ganhar prêmios de US$1 milhão se conseguirem impressionar os jurados com o hardware e software que estão desenvolvendo para permitir uma aterrissagem suave na lua.

Da mesma forma, Astrobotic, Moon Express, a japonesa Hakuto Co. e a alemã Part -Time Scientists podem ganhar US$500 mil pelos subsistemas de mobilidade que estão criando para transportar seus veículos pelo menos 500 metros após o pouso.

Astrobotic, Moon Express, Part-Time Scientists e Team Indus também estão concorrendo a um prêmio de US$250 mil para um subsistema de imageamento que pode produzir “mooncasts” (transmissões lunares) com imagens e vídeos de alta qualidade a partir da superfície lunar.

Para se tornar finalista, cada equipe enviou documentos detalhando seu plano de missão, o progresso que está fazendo com a tecnologia necessária para realizar a missão, e um conjunto específico de objetivos para testes e simulações que se adequam a uma, ou mais de uma, categoria dos prêmios de metas. As equipes que alcançarem esses objetivos até o dia 30 de setembro receberão prêmios em dinheiro.

Chegando
Preparando-se para o prêmio do sistema de aterrissagem, a Astrobotic planeja testar seu aterrissador “Griffin” neste mês no Porto Aéreo e Espacial do Mojave, na Califórnia, com a ajuda da Masten Space Systems. A equipe Astrobotic é uma extensão da Astrobotic Technology, Inc., uma divisão da Carnegie Mellon University lançada em 2008 para desenvolver robôs espaciais e facilitar missões planetárias. A Masten é uma start-up aeroespacial que em 2009 ganhou parte do Lunar Lander Challenge X PRIZE, patrocinado pela Nasa e pela Northrop Grumman.[NOTA: A Grumman faz aviões a jato e bombardeiros stealth, além de armas, mísseis e a coisa toda. O B-2 deles é lindo demais].

No primeiro de três testes planejados – financiados pelo programa Flight Opportunities, da Nasa – o foguete suborbital Xombie, da Masten, carregará o pacote com o sensor de aterrissagem da Astrobotic até uma altitude de quatro quilômetros para que a equipe possa ver como a tecnologia se comporta durante o voo.

No segundo e terceiro voos dessa primavera boreal, os sensores e o software de aterrissagem da Astrobotic de fato guiarão o Griffin durante o pouso. “Isso é o mais próximo que podemos chegar de um pouso na lua aqui na Terra”, observa John Thornton, CEO da Astrobotic.

Meio-período
Preparando-se para ganhar seus prêmios de metas – e para se colocar na corrida pelo grande prêmio de US$20 milhões – a equipe Part-Time Scientists [Cientistas de Meio-Período] está planejando uma simulação em grande escala, em conjunto com o Fórum Espacial da Áustria, a Equipe de Tecnologia Espacial da Universidade de Viena, e vários outros parceiros e patrocinadores neste verão boreal.

O experimento, que deve durar uma semana em uma mina de ferro da região Erzberg, da Áustria, testará todas as partes críticas para a missão da equipe, incluindo a aterrissagem, o lançamento de seus dois veículoslunares, chamados “Asimov”, e outras operações de superfície.

Os Part-Time Scientists esperam ter seu protótipo de câmera pronto para a avaliação do prêmio de meta antes do meio do ano. O dispositivo terá baixo consumo de energia, e ao mesmo tempo fornecerá imagens com qualidade superior, declara Robert Böhme, fundador da equipe, que trabalha como consultor de segurança cibernética em Berlim para o governo alemão.

Pelo menos metade dos 100 membros dos Part-Time Scientists têm empregos em tempo integral em firmas industriais ou universidades, além de estarem competindo no X PRIZE.

O projeto básico da câmera já se adequa às exigências para o mooncast, mas a equipe continua a avaliar se a ótica do equipamento pode sobreviver às altas temperaturas e outras condições extremas que terá que suportar durante o lançamento e a aterrissagem, explica Böhme. Os sensores e elementos eletrônicos correspondentes também devem ser testados para determinar se podem funcionar quando expostos a altos níveis de radiação.

Dinheiro e momento
Dadas as dezenas de milhões de dólares necessários para vencer o Google Lunar X PRIZE, as equipes sabem que os prêmios de meta – e até mesmo o grande prêmio – não serão suficientes para financiar seus projetos completamente. Em vez disso, os prêmios servem como reconhecimento por seu trabalho sólido, e permitem que as equipes mostrem “a patrocinadores, investidores, e a todo o mundo, que nós estamos desenvolvendo um hardware sério para uma missão à lua”, aponta Böhme.

Thornton, da Astrobotic, também reconhece que chegar ao espaço é muito mais caro que o prêmio do Google Lunar X PRIZE. Nesse aspecto, a competição é apenas um ponto de partida. De acordo com ele, os prêmios são um incentivo. E adiciona: “Grande parte do desafio é gerar massa crítica”.

A Astrobotic já começou a produzir essa massa crítica. No começo deste mês, a Astroscale Pte., Ltd., assinou um contrato com a Astrobotic Technology para enviar a cápsula do tempo da empresa Lunar Dream, com sede em Singapura – contendo a popular bebida esportiva Pocari Sweat, do Japão – a bordo da primeira missão lunar da Astrobotic, planejada para outubro de 2015. Se tudo sair de acordo com o plano, essa mesma missão também ganhará o grande prêmio do X PRIZE. “A missão do Google Lunar X PRIZE será a primeira de muitas”, promete Thornton.

Com base no sucesso dessa rodada de prêmios de metas, o X PRIZE está considerando prêmios adicionais para conquistas técnicas após a decolagem – a caminho da lua – ainda que a organização não tenha fornecido mais detalhes.

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