segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Problemas que levam a falhas de rovers lunares

A recente falha do rover lunar chines "Coelho de Jade" (Yutu) voltou a fazer lembrar os problemas que acompanham cada passo da Humanidade na Lua. Em 2016, partirá para o nosso satélite o Luna-25, vanguarda do desembarque russo de cinco estações.


(Voz da Rússia) Peritos falaram à Voz da Rússia como os fatores desfavoráveis são considerados na projeção de aparelhos lunares.

Segundo os dados da mídia oficial chinesa, o Yutu teve "falhas técnicas" causadas pela "situação complexa na superfície lunar". Blogueiros trouxeram mais pormenores: não se fecharam os painéis de baterias solares durante a preparação para o regime de sono antes da segunda noite lunar do rover. O problema foi provocado por pequenas partículas de solo no mecanismo ou por uma falha de computadores. Pang Zhihao, da Academia Nacional de Tecnologia Espacial, referiu causas prováveis: "forte irradiação, fraca gravitação e amplas oscilações de temperaturas".

Desde 1960, aparelhos soviéticos e americanos pousavam na Lua e as condições da superfície lunar são conhecidas há muito por projetistas: vazio, temperaturas noturnas muito baixas (até 180 graus negativos), irradiação e solo inconsistente. O Luna-25 também vai "pegar no sono" por duas semanas, enquanto durar uma noite local, diz o astrônomo Igor Mitrofanov:

"Seria mais eficaz que o aparelho aproveite toda a energia elaborada a bordo para o próprio aquecimento. O rover tem uma espécie de cobertor de fibra de muitas camadas e em condições de uma noite lunar pode manter uma capacidade de trabalho mínima para garantir o regime. É necessário utilizar uma base de elementos resistentes à irradiação, para reduzir ao mínimo os danos causados por estes raios. É necessário também duplicar sistemas, protegendo os principais elementos do aparelho, a sua parte logicamente ativa das falhas causadas por partículas de raios espaciais."

Entretanto, rovers soviéticos já pegavam de vez em quando no sono. Este fenômeno permitiu aos cientistas conhecer as caraterísticas da poeira lunar que, eletrolisando-se, pega em painéis solares, diminuindo seu rendimento e não permitindo carregar plenamente as baterias. Alexander Zheleznyakov, membro da Academia de Cosmonáutica da Rússia, explica como será possível resolver este problema:

"É possível orientar os painéis reduzindo a entrada de partículas de poeira. Mas por enquanto não há decisões certas de eliminá-las. No início dos anos 1970, tivemos um problema com o Lunokhod-2. Na altura, o aparelho inclinou-se durante o movimento e pegou uma quantidade de poeira que cobriu as baterias e, afinal das contas, o pôs fora do serviço. É necessário elaborar tais algoritmos de movimento do aparelho, que diminuem a probabilidade desses fenómenos."

Nas palavras de Alexander Zheleznyakov, os chineses, com certeza, levaram em consideração tais momentos, ao desenvolver o Yutu. Especialistas russos também levarão em conta o incidente com o aparelho chinês, projetando suas estações. Porém, os dados que chegam sobre o estado do rover chinês são bastante escassos.

O dia lunar começará em breve, a temperatura subirá e, segundo se planifica, o Yutu deve despertar entre 8 e 9 de fevereiro. Se tal não acontecer, especialistas chineses terão no mínimo uma experiência necessária. Mas, em qualquer caso, a missão será bem-sucedida. Não houve quaisquer problemas com a plataforma de pouso do aparelho, que tem seu jogo de instrumentos, inclusive um telescópio a raios ultravioletas que pela primeira vez na história garantirá observações astronômicas a partir da superfície lunar.

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