terça-feira, 25 de novembro de 2014

Buzz Aldlin ao lesgate!


(Mensageiro Sideral - Folha) Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, está oferecendo sua ajuda aos chineses para auxiliá-los em seu próprio projeto de exploração lunar tripulada. Em visita a São Paulo, o ex-astronauta americano declarou suas polêmicas intenções a um grupo de jornalistas brasileiros.

“As pessoas podem reagir de dois modos. Ou elas dirão, ‘ele perdeu a cabeça e decidiu ajudar o inimigo’, ou dirão, ‘ele está fazendo como um cidadão particular o que o governo americano deveria estar fazendo’. Espero que a maioria entenda desse segundo jeito”, afirmou, em almoço promovido pela Omega, empresa suíça que fornece relógios de pulso para a Nasa desde a década de 1960.

O assunto é controverso porque, no momento, existe até mesmo uma lei nos Estados Unidos que proíbe a agência espacial americana de cooperar com a China. Aldrin sabe que os chineses avançarão no espaço com ou sem a cooperação ianque e espera influenciar o Congresso americano para que essa política inflexível seja revertida.

Buzz alega que sua contribuição particular com os chineses não teria nenhum impedimento legal. “Tudo que eu sei de pousos lunares está em relatórios públicos, não há nada confidencial. É só a minha experiência.”

O ex-astronauta diz manter contato frequente com membros do programa espacial chinês, dentre eles Yang Liwei, o primeiro taikonauta a ir ao espaço. “Eles têm muita vontade de cooperar com os Estados Unidos.”

UM OLHO NA LUA, OUTRO EM MARTE
Enquanto defende que os Estados Unidos deveriam usar seu expertise para ajudar outras nações a chegarem à Lua, Aldrin não esconde que sua maior ambição é ver uma missão internacional a Marte. Para isso, ele tem trabalhado nos últimos 30 anos numa arquitetura que possibilite a visitação contínua ao planeta vermelho, por um custo que os programas espaciais do mundo — com um natural acréscimo em seus orçamentos — possam pagar.

Em conversa com o Mensageiro Sideral, Buzz detalhou seu plano, que envolve alguns dos elementos atualmente em desenvolvimento pelo programa americano, como a cápsula Órion, e outros ainda a ser criados, como um módulo rígido de habitação para ser levado à Lua (e depois a Marte), que o ex-astronauta diz que será desenvolvido pela empresa europeia Thales Alenia Space.

A ideia é ir montando gradualmente uma infraestrutura espacial que contemple estações nos pontos de Lagrange do sistema Terra-Lua (onde a gravidade do planeta e do satélite se anulam, permitindo o “estacionamento” de naves) e que, nas viagens marcianas, usem uma órbita descoberta pelo próprio Aldrin e referida hoje nos círculos aeroespaciais como o “ciclo de Aldrin”. Trata-se de uma trajetória em que um veículo se alternaria precisamente entre passagens próximas da Terra e de Marte, a cada 26 meses.

É quase como montar um “circular” que opere entre os dois planetas, sem nunca parar. Ao passar pela Terra, o veículo seria abastecido com suprimentos e equipamentos, para posteriormente deixá-los em Marte. Por nunca descer em nenhum dos dois mundos, ele permitiria o transporte relativamente frequente entre os planetas, a um custo em tese mais baixo. Buzz está colaborando com diversas instituições, dentre elas o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), para dar toques finais ao projeto e submetê-lo à Nasa. O presidente Barack Obama já declarou que o objetivo final da agência é o envio de astronautas a Marte, mas ainda não há uma arquitetura definida para a viagem. É aí que Aldrin quer encaixar seu plano.

Diz ele que a iniciativa poderia ser anunciada em 2019, em celebração aos 50 anos do primeiro pouso lunar, e o primeiro desembarque em Marte ocorreria duas décadas depois, em 2039. Com um detalhe: Aldrin imagina que os primeiros astronautas devem ir até lá para ficar e assim iniciar a implementação de uma colônia humana no planeta vermelho.

“Quero muito que meu legado seja o futuro”, diz o ex-astronauta. Será que dá pé? Bem, não custa lembrar que Buzz já fez o impossível uma vez.
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E mais:
“Devemos ajudar os chineses a chegar à Lua” (O Globo)

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